Balança comercial brasileira terá trajetória mais equilibrada neste ano

Os resultados da balança comercial do primeiro bimestre sinalizam um ano de mais equilíbrio para as contas externas brasileiras, avaliam especialistas.

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Mesmo com as importações ganhando um fôlego maior e crescendo percentualmente mais que as exportações, as vendas externas do País continuarão suficientemente aquecidas, neste ano, para garantir que a balança registre o quarto superávit anual seguido. O mercado projeta US$ 54 bilhões para o saldo comercial.

Nos primeiros dois meses de 2018, as importações já começaram a aumentar em um ritmo maior do que as vendas externas, diferentemente do que ocorreu em 2017, ano em que o percentual das exportações (+17,5%) foi bem mais elevado que as compras (+9,5%).

Até fevereiro de 2018, os desembarques no Brasil totalizaram US$ 26,607 bilhões, alta de 15,1% em relação a igual período de 2017, enquanto os embarques tiveram um acréscimo menor, ao registrarem aumento de 12,8%, para US$ 34,2 bilhões, mostram dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

O coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) Ricardo Balistiero avalia que essa será uma tendência ao longo do ano. Mensalmente e no acumulado de 2018, as compras devem crescer percentualmente mais do que as vendas. “O avanço das importações no primeiro bimestre mostra que a economia do País começou o ano aquecida, retomando a rota de crescimento”, comenta Balistiero. “Esse dinamismo da atividade deve ser presente, pelo menos até o calendário eleitoral”, acrescenta ele, que estima expansão de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) para 2018. Em 2017, a economia brasileira cresceu 1%.

Consumo e aportes

Para Balistiero, a alta das importações sinaliza que as empresas estão voltando a investir para atender a tendência de continuidade de elevação das compras das famílias. Dados do Mdic mostram que nos dois primeiros meses do ano, as compras brasileiras de bens de consumo tiveram aumento de 20,2%, a US$ 4,170 bilhões. Os bens duráveis cresceram 59,1%, para US$ 927 milhões, com destaque para a importação de automóveis de passageiros, com aumento de 86,8%, para US$ 571 milhões.

Os desembarques de bens de consumo semiduráveis, por sua vez, subiram 23,6%, para US$ 947 milhões, enquanto os de não duráveis cresceram 8,5%, para US$ 1,297 bilhão. Já os bens intermediários tiveram alta de 8,4%, para US$ 15,922 bilhões, com destaque para as compras de insumos industriais elaborados (+14,2%, para US$ 9,515 bilhões).

O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, destaca que as importações de bens de capital vêm avançando desde agosto de 2017, indicando uma trajetória favorável para os investimentos, que chegaram a acumular retração de 30,2% entre 2014 e 2017.

Somente nos primeiros dois meses de 2018, as compras de bens de capital registraram aumento de 17,2%, a US$ 2,692 bilhões. “No entanto, os novos investimentos que as empresas estão fazendo não são de grande envergadura, relacionados com a ampliação de capacidade. São projetos pontuais, de curto prazo, que não demandam, necessariamente, financiamento”, diz Cagnin, exemplificando que uma boa parte das compras das empresas são referentes a transportes industriais, como caminhões e tratores, por exemplo.

Ainda segundo o Mdic, em fevereiro houve aumento das importações em todas as grandes categorias econômicas: bens de capital (+24,4%, a US$ 1,270 bilhão), bens de consumo (+21,3%, a US$ 2,028 bilhões), bens intermediários (+11,7%, a US$ 7,414 bilhões) e combustíveis e lubrificantes (+7,5%, a US$ 1,695 bilhão).

Na última sexta-feira, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou as alíquotas do Imposto de importação incidentes sobre uma série de bens de informática e telecomunicações, e de bens de capital, o que deve facilitar as compras desses produtos.

Em relação aos bens de informática e telecomunicações, estão produtos como máquinas de impressão e de personalização de cartão plástico para identificação de bens de pessoas; impressoras digitais de etiquetas e jato de tinta, entre outros. Em bens de capital, estão inclusas ferramentas para estampar tampas, copos ou corpos de latas de alumínio; motores marítimos de pistão, de ignição por centelha.

Fonte: Diário, Comércio, Indústria & Serviços